quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

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Vem, ó calma, para os meus braços
A tarde já caiu, a noite já caiu
E eu estou tão só.
Venha, musa do sono,
Vem sem remédios e sem canções.
Venha, ó calma, que não possuo,
Nina meu corpo
Toque meu cabelo
Faça com que meus sonhos
Não sejam velhos.
Calma, quero-te em meus braços,
No meu coração,
Quero ser você,
Quero ter você,
Quero morrer.
- Mas a música que toca em meu peito é tão agitada...
Não quero Pessoa, não quero Cervantes,
Não quero palavras nos livros, as que conduzem
A disfarces. Quero o pensamento solto, quero deitar
na cama e pensar livremente, não quero lembrar
de traições. Não quero lembrar de nada.
Quero a amnésia da pura calma. Não quero invejas, não
Quero
Rancores, não quero Baudelaire.
Quero o pensamento azul,
Deitar-me em lençóis brancos
E ter na alma margaridas de miolos amarelos.
Não quero que meus versos sejam belos,
Não quero poesia.
Pronto!
Não quero mais poesia
Porque não quero mais nada.
- Mas a música...
Nem mesmo a inteligência,
Nem a cultura,
Nem a beleza que, dizem alguns, ser minha.
Não quero o amor que me deixou assim.
- ...que toca em meu peito...
Não me venha com desculpas,
Não me venha com flores que você gosta.
Quero só a calma de quem consegue dormir.
- ... é tão agitada...

Fernanda Young

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